Ricardo Frosini - Foto: Agência Petrobrás de Notícias |
O Jornal Guapi Magé Notícias esteve presente no lançamento da Agenda 21 em Magé no mês passado e entrevistou o coordenador da Agenda 21 Comperj, Ricardo Frosini. Leia abaixo a entrevista na íntegra.
Paulo Henrique: Qual a importância da Agenda 21 para os municípios abrangidos pelo Conleste? Que evoluções estão sendo percebidas nessas cidades? Como o senhor vê essa Agenda aqui em Magé e em Guapimirim, especialmente no processo de organização da comunidade?
Ricardo Frosini: Em termos de Agenda 21, o mais importante é a mobilização, não só da comunidade, mas de toda a sociedade: as comunidades, as empresas e organizações da sociedade civil e o poder público. Então estão todos aqui em prol do desenvolvimento de Magé.
No município, se não tivesse o Comperj, outros empreendimentos do estado, outros empreendimentos particulares (não é só o Comperj, são outros empreendimentos que estão sendo feitos na região). Se não tivesse nada disso, já seria um ganho muito grande ter um plano feito pela sociedade – não só sociedade civil, mas todos esses participantes que estou lhe falando -, com um plano que tem um horizonte para Magé daqui há 20 anos... Um plano que pode ser seguido, independentemente das gestões públicas, já que entra governante, sai governante. Mudam-se tudo... Então, se o governante implanta e fixa isso no município, isso pode ocorrer ao longo dos próximos 20 anos. E ali estão todas as questões necessárias para o município se desenvolver (isso se não estivesse acontecendo nada). Como está acontecendo muita coisa na região, é fundamental.
Paulo Henrique: Não percebi um recorte racial na Agenda 21 de Magé. Temos aqui uma comunidade remanescente de Quilombos. Por que isso não ocorre?
Ricardo Frosini: Aqui tem um capítulo (ONGS e Grupos Principais). Dentro de Grupos Principais tem idosos, crianças, tem a questão racial, a da sexualidade. Tem todos esses grupos que normalmente são minoritários e não se enquadram num padrão. Há anos atrás se foi considerado um padrão e hoje já se entende que não existe isso. Essas questões foram tratadas nesse capítulo. Talvez a racial não tenha surgido na discussão. Mas, como a Petrobras fez questão, nesta agenda, de apoiar, fomentar e não se intrometer, deixou acontecer: o que a população sugeriu foi o que a gente colocou. Mas isso não impede que essas discussões que você acham importantes sejam colocadas no fórum.
Paulo Henrique: Macaé teve um impacto muito grande da chegada da Petrobras naquele município. As pessoas não estavam acostumadas com um tipo de empreendimento como aquele. Houve uma demanda populacional imensa, com aumento de violência. Como você vê essa questão da segurança pública, com o impacto do Comperj para os municípios daqui desta região?
Ricardo Frosini: É importantíssimo que seja discutida a questão da segurança pública, que é majoritariamente controlada pelo Estado. Como a própria Agenda 21 tem o capítulo de segurança, e prevê o que tem de ser feito de segurança aqui em Magé, o parceiro neste caso é o Estado, alinhado com o município.
Paulo Henrique: Nessas parcerias público-privadas caberia à Petrobras tentar alguma ação nesse sentido, colaborando com o fornecimento de equipamentos – porque isso terá um impacto grande. Aqui mesmo em Magé há uma favela que é complicadíssima. Na minha comunidade de Guapimirim, a Vila Olímpica, o pessoal tem um problema de drogas sério. Como tem as UPPs do Rio de Janeiro - com mobilização da sociedade e da iniciativa privada - o governo crê que esse cenário pode ser mudado. Neste sentido, a Petrobras tem uma visão de ser partícipe nesta questão?
Ricardo Frosini: A Petrobras é partícipe em diversas questões. Agora, exatamente, sobre quais questões, eu não sou a pessoa a falar que é o Comperj o empreendimento que está sendo erguido nesta região. Estão sendo desenvolvidas diversas ações em diversas áreas. Agora, exatamente o quê não é da minha alçada, falar sobre isso.
Paulo Henrique: Em 2008 fizemos um levantamento sobre os pescadores artesanais. Nós, desta região, temos muito e, principalmente na região onde moro. Muitos pescadores ainda não têm Certidão de Nascimento. Na parte de Grupos Especiais da Agenda 21 está previsto algum trabalho voltado para a pesca artesanal na região?
Ricardo Frosini: Não me recordo se isso foi tratado em alguma das Agendas ou se em Magé foi tratado. A gente pode olhar... São os Grupos Principais, que também tratam de pescadores, no capítulo Economia. Fala da importância dos pescadores na economia... Então, temos de dar uma olhada na Agenda, especificamente nesse quesito.
Paulo Henrique: Em Jurujuba, Niterói, e no Gradim, em São Gonçalo, houveram projetos para os pescadores que deram certo, como o trabalho com mariscos. Aqui eu acompanho esta dificuldade: o catador de marisco ou caranguejo pega, por exemplo, o caranguejo, bota em baixo do sol, e vende muito. Se ele tivesse uma orientação, se pudesse se qualificar melhor, com um melhor aproveitamento do produto que ele se auto-sustenta, seria mais adequado. Mas agora, no momento em que estão sendo lançadas essas agendas... Agora eu vejo que em julho se encerram todas as discussões em julho. Vai ficar a cargo de todos os municípios implementarem as resoluções da Agenda 21?
Ricardo Frosini: Não só os municípios, mas também o Governo do Estado, o Governo Federal. Das empresas que atuam aqui, incluindo a Petrobras. Então, no que elas se proporem a fazer irão fazer... Não é minha área responder sobre isso. Mas com certeza ela também participa de tudo isso. Todos participam. O objetivo é esse, e se todos não participarem não tem como fazer isso. Esse é o ideal.
Paulo Henrique: Ficamos felizes com a oportunidade de discutirmos com toda a sociedade – Primeiro, Segundo e Terceiro Setores, Comunidade...
Ricardo Frosini: A sociedade precisa se reunir para conseguir implementar a proposta. Tem de cobrar dos poderes públicos a implementação. Que tenham as suas partes de responsabilidade socioambiental cumpridas. Esse é um dos projetos de responsabilidade socioambiental da Petrobras, que entende que isso tem de ser feito.
Paulo Henrique: Aqui no entorno estão sendo construídas várias empresas, que pretendem ser parceiras da Petrobrás. E a própria Petrobrás exige uma responsabilidade socioambiental...
Ricardo Frosini: Sim, exige. Agora cabe à comunidade cobrar as ações corretas.
Colaborou nesta entrevista:
Saulo Andrade
FirstCom Comunicação (www.firstcom.com.br)
Assessoria de Imprensa da Petrobras - Cenpes/Comperj/Reduc